Balanço do ano e perspetivas para 2017

Quando se aproxima o final de mais um ano de existência da cooperativa, a Coopérnico apresenta a sua perspetiva sobre o que de melhor e pior aconteceu em Portugal, na União Europeia e ao nível internacional na área da energia. Aproveita também para assinalar os dois desafios que considera mais relevantes em 2017 para esta área, bem como para apresentar as duas maiores conquistas da Cooperativa. Leia mais.

(imagem: central fotovoltaica da Coopérnico na Fundação Irene Rolo em Tavira)


2022-10-22
Portugal no caminho da transição energética, mas a aposta na energia solar ainda está por acontecer.

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Entre as 6:45h da manhã de dia 7 de maio e as 17:45h de dia 11, o consumo de eletricidade em Portugal foi assegurado integralmente por fontes renováveis. Este período perfaz 107 horas seguidas onde não foi preciso recorrer a nenhuma fonte de produção de eletricidade não renovável, ou seja, durante 4,5 dias. Este foi um momento muito importante, e que correu o mundo, dado que ficou provado que é possível que as necessidades do consumo de energia elétrica do país sejam asseguradas a 100% a partir de fontes de origem renovável. Portugal tem condições excecionais para conseguir a curto/médio prazo a transição energética no setor elétrico para as energias renováveis.

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Apenas 1,5% da energia elétrica é produzida aproveitando a energia solar. Num país que tem o maior número de horas de sol da Europa, não se percebe porque a aposta na energia solar, que traz benefícios de independência energética, de criação de empregos verdes e promove a transição para que Portugal seja neutro em carbono, ainda não aconteceu. A este cenário não será alheia a incerteza constante que se vive quanto aos apoios concedidos ao desenvolvimento de projetos de aproveitamento de energias renováveis, em particular para aqueles que podem ser dinamizados pelos cidadãos através de associações, cooperativas, etc. Este é um aspeto que urge melhorar, dado que ninguém beneficía com a incerteza e é fundamental o aproveitamente descentralizado da energia solar.
 

A nível internacional a energia solar ultrapassou a energia eólica como a mais barata, mas a perspetiva política não é das mais animadoras


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Por todo o mundo há sinais de uma transformação na forma como se produz energia rumo a uma energia limpa, descentralizada e onde os cidadãos são cada vez mais chamados a participar nas decisões de gestão: produção, distribuição e comercialização.
A energia solar está a tornar-se mais competitiva e nos mercados emergentes já é mais barata do que a eólica, em grande parte devido ao investimento da China nesta tecnologia. O estudo que o mostra é o Climatescope 2016. As cooperativas de energias renováveis também fazem parte desta transformação. Um estudo pioneiro realizado em conjunto pela Federação Europeia de Cooperativas de Energias Renováveis (Rescoop.eu), a Greenpeace, os Amigos da Terra Europa e a Federação Europeia de Energias Renováveis, mostra que metade dos cidadãos da União Europeia (264 milhões) podem estar a produzir a sua própria energia em 2050, satisfazendo cerca de metade nas necessidades de energia elétrica do território Europeu. Ainda nas boas notícias, a 30 de novembro, os princípios cooperativos passaram a fazer parte da lista de Património Cultural Imaterial da Humanidade.

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As eleições nos Estados Unidos da América, e a perspetiva de resultados eleitorais que favoreçam partidos e políticas extremistas, constituem uma ameaça ao consenso internacional na política climática e no impulso às energias limpas (renováveis e eficiência energética). Donald Trump disse não ser um grande crente das alterações climáticas a Coopérnico gostava de relembrar que as alterações climáticas, a poluição, o esgotamento de recursos não são histórias e, portanto, não se pode escolher acreditar ou não.

Aumento do número de membros e angariação de 50 mil euros em 4h marcam o ano de 2016 para a Coopérnico


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Em 2016 a Coopérnico conseguiu chegar aos 565 membros, com a entrada de 234 novos cooperadores. Este é um passo importante rumo ao aumento da sua expressão e representatividade social. Este crescimento demonstra o interesse dos cidadãos em fazerem parte de um modelo de sociedade diferente, mais participado, mais democrático e mais transparente.


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Também durante este ano, a Coopérnico viu a sua capacidade de reunir financiamento para os seus projetos aumentar de forma significativa.  Depois de financiar um projeto nos telhados da Fundação Irene Rolo em pouco menos de uma semana, no último projeto desenvolvido, com a Associação de Saúde Mental do Algarve, foi possível reunir  50 mil euros em cerca de 4 horas. É cada vez mais claro que os cidadãos querem saber onde estão a investir as suas poupanças e procuram soluções que respondam aos seus valores éticos e de responsabilidade.

Para o futuro é importante reforçar o papel dos cidadãos no modelo energético


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A Coopérnico é a primeira e ainda única cooperativa de energias renováveis em Portugal, quando na UE este movimento conta já com 2500 cooperativas e 600 mil membros.
Como forma de envolver os cidadãos na construção de soluções que possam conduzir o país à descarbonização e ao cumprimento do Acordo de Paris, Portugal deveria seguir o exemplo da Escócia, que estipulou que até 2020 devem ser instalados 500MW de community power. É fundamental que Portugal integre também um objetivo desta natureza, como forma de estimular o aproveitamento de fontes energéticas sustentáveis e gratuitas, bem como a sensibilização dos cidadãos para o tema da energia e para a sua capacidade de intervir na comunidade. A Coopérnico irá trabalhar no sentido de alcançar este objetivo.

2.
Pela sua parte, para fomentar a intervenção dos cidadãos no modelo energético, a Coopérnico prepara-se para reforçar as formas de envolvimento, começando pela criação de um vídeo explicativo de como cada cidadão pode ser um agente ativo na área da energia renovável, passando pelo financiamento aos membros para poderem instalar as os seus kits de autoconsumo ou do apoio para melhorarem o uso que fazem da energia, tornando-o mais eficiente.